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de


Te amei num tempo em que amar doía,
quando tua boca mentia e meus olhos negavam,
me fiz pequena, sombra do que eu era,
na esperança vã de que um dia tu mudarias, 

Tuas palavras, veneno doce e raso,
me prendiam em laços que eu não via,
cada gesto, um passo para o abismo
que eu chamava de amor… e não sabia.

Fui silêncio onde eu devia ter sido grito,
fui espera em noites sem retorno,
te dei minha luz, meu o riso mais bonito,
e em troca, ganhei um mundo sem contorno.

Mas hoje, me ergo das cinzas 
teus fantasmas já não me fazem morada,
cortei as cordas que me seguravam,
sou vento, sou mar e agora sou estrada.

O fim não veio como um trovão raivoso,
mas como um suspiro de alívio e de razão.
O amor já tinha morrido, silencioso,
restava apenas minha libertação.

Agora caminho com passos inteiros,
não sou metade, sou por inteira.
Fui tua, mas não mais do que a mim me pertenço.
Enfim livre, e enfim… em paz, eu venço.