O tempo escorre e sigo na contramão,
Com flores secas presas à memória,
Amores ficaram na curva da estação,
E eu caminho sem rumo, sem vitória.
Gente que vem, que vai, sem permanecer,
Olhares vazios, promessas que se desfazem,
E eu, estrangeira de mim, sem entender
Por que tantos brilhos se apagam e passam.
Nas madrugadas, café, fumaça e pensar,
O relógio insiste em me lembrar que estou só.
Procuro sentido onde não sei procurar,
E danço, por dentro, num silêncio sem dó.
Queria dançar sem música, sem chão,
Despir a alma da dor que tanto pesa.
Esquecer do mundo, da culpa, da razão,
E ser leve, ao menos, na minha tristeza.