28
de

A noite em que o riso deveria reinar
Tornou-se um véu de sombras e de espanto...
Sonhei-me presa a um mundo a me enganar,
Onde um só olhar teu valia o quebranto.

Teu perfume pairava, doce e fatal,
Tua voz — tremeluzia em minha razão.
E mesmo no sonho, amor descomunal,
Feriu-me o peito com cruel paixão.

Oh! Culpa amarga, que pesa e castiga,
De amar quem a mim jamais pertenceu...
Tranquei meus sorrisos, calei minha briga,
E até o vinho dos deuses perdeu seu mel.

Em silêncio contemplo teus olhos castanhos,
Moço dos sonhos que à alma consome...
Deixa-me amar-te nos meus desenganos,
Mesmo que eu morra sem dizer teu nome.


"Como pode alguém sonhar o que é impossível saber? Não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer. (...) Não sei mais, sinto que é como sonhar, que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer. "

21
de

Eras, outrora, sombra indiferente,
Um vulto a vagar por meu mundo calado...
Mas teus olhos tristes, de brilho dolente,
Fizeram meu peito arder enfeitiçado.

Teus cabelos dançam no sopro do vento,
Tua voz — tão suave — me envolve e seduz.
E ao cruzar teu olhar, por um só momento,
Sinto-me à beira do abismo sem luz.

Em tua presença, minh’alma vacila,
Meu desejo silente consome meu ser.
Há um mistério em ti que me atrai e me instiga,
E um beijo teu... é meu mais doce querer.

Oh! Belo rapaz, gentil cavaleiro,
Onde estás senão nos sonhos meus?
Se ao despertar, eu te perco ligeiro,
E em prantos clamo teu nome aos céus...