A noite em que o riso deveria reinar
Tornou-se um véu de sombras e de espanto...
Sonhei-me presa a um mundo a me enganar,
Onde um só olhar teu valia o quebranto.
Teu perfume pairava, doce e fatal,
Tua voz — tremeluzia em minha razão.
E mesmo no sonho, amor descomunal,
Feriu-me o peito com cruel paixão.
Oh! Culpa amarga, que pesa e castiga,
De amar quem a mim jamais pertenceu...
Tranquei meus sorrisos, calei minha briga,
E até o vinho dos deuses perdeu seu mel.
Em silêncio contemplo teus olhos castanhos,
Moço dos sonhos que à alma consome...
Deixa-me amar-te nos meus desenganos,
Mesmo que eu morra sem dizer teu nome.
"Como pode alguém sonhar o que é impossível saber? Não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer. (...) Não sei mais, sinto que é como sonhar, que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer. "