A mente é um furacão sem freio,
um raio cortando o céu da razão,
ideias fervilham, correm em meio
ao caos sem pausa, sem direção.
No alto, sou luz, sou fogo, sou vento,
palavras dançam sem eu perceber,
o mundo é rápido, é puro invento,
ninguém me alcança, não há porquê.
Mas vem a queda, crua e fria,
no peito o peso de mil abismos,
os dias são névoa, noite vazia,
e eu me perco em meus próprios ismos.
O corpo é âncora na tempestade,
pesado, inerte, afundando em si,
presa do tempo, da gravidade,
silêncio que grita: "fica aqui".
Serotonina, dopamina, noradrenalina,
tudo em uma dança que move meu ser.
Pra mania, sou chama que nunca declina,
pra depressão, sou sombra a se esconder.
Neurotransmissores, hormônios, tudo biológico,
mas há quem diga que é frescura ou falta de querer.
Como se a dor fosse um ato ilógico,
e não um fardo que eu nunca quis ter.
E assim eu oscilo, entre céu e abismo,
sem chão que me prenda, sem ar pra voar,
prisioneira do próprio mutismo,
refém de mim mesma, sem me alcançar.
0 comentários:
Postar um comentário