31
de

Dez anos se passaram, e aqui estamos nós,  
Dois corações que o tempo não separou,  
Que enfrentaram ventos, tempestades e sóis,  
Mas nunca deixaram de pulsar em amor.  

Ao teu lado descobri a força do abraço,  
O refúgio seguro no meio do caos,  
O brilho sereno no instante do cansaço,  
O amor que ecoa, eterno e imortal.  

Do nosso amor nasceu um presente sublime,  
Pequena e doce, nossa menina-luz,  
Metade de mim, metade de ti,  
Razão que nos une e sempre conduz.  

E quando o mundo pesa sobre meus ombros,  
É no teu olhar que encontro meu lar,  
Te amo em cada suspiro profundo,  
Te amo sem pressa, sem medo de amar.
  
Dez anos se foram, e tantos mais virão,
Seguiremos de mãos dadas,
Entrelaçados corações,
Amo-te hoje e um pouco mais a cada manhã.


Com amor, carinho e afeto para meu querido e amado esposo Elly-Berto. 

31
de

Os dias deslizam entre caixas marcadas,
nomes difíceis, doses contadas.
Engulo promessas de alguma constância,
mas sinto na boca o gosto da ânsia.

Manhãs pesadas, engulo o silêncio,
Bupropiona e Lítio me prendem no tempo.
À noite, Sertralina apaga memórias,
Rivotril me apaga—sou sombra, sou vento.

Subo no trilho da euforia sem freio,
o mundo é meu—até ser devaneio.
Despenco no abismo sem ter quem segure,
o corpo implora, mas a alma não jura.

De olhos abertos, mas sempre fechados,
procuro um sentido entre sonhos rasgados.
A vida se arrasta num ciclo sem cor,
cansada demais pra sentir qualquer dor.

E se um dia eu jogar tudo ao chão?
Se rasgar receitas, negar prescrição?
Talvez me liberte, talvez me desfaça—
mas que diferença faz, se já sou só fumaça?

28
de


A mente é um furacão sem freio,

um raio cortando o céu da razão,  

ideias fervilham, correm em meio  

ao caos sem pausa, sem direção.  


No alto, sou luz, sou fogo, sou vento,  

palavras dançam sem eu perceber,  

o mundo é rápido, é puro invento,  

ninguém me alcança, não há porquê.  


Mas vem a queda, crua e fria,  

no peito o peso de mil abismos,  

os dias são névoa, noite vazia,  

e eu me perco em meus próprios ismos.  


O corpo é âncora na tempestade,  

pesado, inerte, afundando em si,  

presa do tempo, da gravidade,  

silêncio que grita: "fica aqui".  


Serotonina, dopamina, noradrenalina,  

tudo em uma dança que move meu ser.  

Pra mania, sou chama que nunca declina,  

pra depressão, sou sombra a se esconder.  


Neurotransmissores, hormônios, tudo biológico,  

mas há quem diga que é frescura ou falta de querer.  

Como se a dor fosse um ato ilógico,  

e não um fardo que eu nunca quis ter.  


E assim eu oscilo, entre céu e abismo,  

sem chão que me prenda, sem ar pra voar,  

prisioneira do próprio mutismo,  

refém de mim mesma, sem me alcançar.


28
de


Venho por meio da escrita
para liberar o tudo que sinto,
Mas sinto tantas coisas
Que me perco entre as linhas.

A tristeza me veste em silêncio,
um véu frio sobre a pele cansada,
e a apatia arrasta meus passos
como folhas secas na estrada.

Os dias pesam em meus ombros,
nublados, sem cor, sem sentido.
O tempo escorre entre os dedos,
como um sonho já esquecido.

Há um abismo dentro do peito,
ecoando vazio e solidão.
Um grito preso na garganta,
sem voz, sem rumo, sem razão.

E mesmo que a escuridão me abrace,
meu coração ainda pulsa, ainda chama.
Pois onde há amor, há esperança,
e uma chama pequena ainda inflama.


4
de

Quando sou vencida pela a imaginação, meus lábios dizem teu nome.
Sinto acelerar meu coração, em um silêncio que nunca morre.  (Luany de Macedo, Janeiro de 2008.)


Estou aqui, cercada por quatro paredes lilás. A janela ao meu lado permite que os primeiros raios de sol invadam este espaço, mas nem eles conseguem aquecer a frieza que me consome. Meus olhos ardem, resultado de mais uma noite em claro, perdida entre pensamentos que se repetem e me corroem. Um cinzeiro ao meu lado guarda vestígios de cigarro, lembranças de um vício que não sei mais se é fuga ou consolo. Uma xícara de café permanece intacta, abandonada, como tudo ao meu redor, o café ainda quente, mas não posso tocá-lo, não tenho forças para me dar esse pequeno prazer. Algumas folhas estão espalhadas, rabiscadas, como se a caneta fosse minha única forma de tentar escapar, mas as palavras não fazem mais sentido. A música já parou de tocar há horas, e o silêncio se tornou mais pesado que qualquer melodia. O único som que preenche o espaço agora é o da caneta deslizando sobre o papel, rabiscando um desespero que só eu entendo.

Vivo em um turbilhão de sentimentos e emoções que jamais pensei que experimentaria, um vazio que me consome por dentro, sem explicação. Não sei como tudo começou, não sei onde errei, mas sinto que estou presa em um ciclo insuportável, que não me deixa respirar. Se eu pudesse voltar atrás e corrigir cada erro, cada escolha torta, talvez tudo fosse diferente... Mas não há volta. Tudo que resta é este baú de velharias onde estou trancada, onde nada muda, nada se transforma, e tudo se repete, dia após dia, como uma condenação silenciosa.

Olho-me no espelho, e o que vejo não é um rosto, é o reflexo de algo que já se perdeu. Um corpo que começa a se desintegrar, com olhos vazios e um sorriso que não é sorriso, mas uma sombra do que um dia foi. Sinto-me como um espectro, uma alma errante, uma zumbi que já não tem vida. O sol não me aquece, as cores não me tocam, as flores não me encantam mais. Sinto o fim se aproximando, não de forma abrupta, mas como um espectro suave, sutil, cada vez mais perto, como uma sombra que se alonga ao final do dia.

Eu só quero ficar sozinha, profundamente só. Não essa solidão que me acompanha com uma companhia invisível, mas a solidão verdadeira, aquela que me liberta, que me dissolve de tudo o que ainda tenta me prender aqui. Mesmo cercada de gente, me sinto infinitamente sozinha. Há uma presença, mas é uma presença sem vida, sem alma. Uma companhia fictícia, que existe apenas para me lembrar do que perdi, do que nunca tive. A solidão se torna mais amarga quando é vivida ao lado de pessoas que não podem me entender. É o vazio de estar rodeada e, ainda assim, ser completamente invisível.




"Odeio quem me rouba a solidão sem me oferecer a verdadeira companhia" (Friedrich Nietzsche)