Quando sou vencida pela a imaginação, meus lábios dizem teu nome.
Sinto acelerar meu coração, em um silêncio que nunca morre.  (Luany de Macedo, Janeiro de 2008.)


Estou diante de quatro paredes lilás, tem uma enorme janela ao lado, que permite a entrada dos primeiros raios de sol dessa fria manhã, meus olhos ardem de mais uma noite não dormida, há um cinzeiro ao meu lado com alguns restos de cigarros, uma xícara com um pouco de café não degustado e algumas folhas rabiscadas, a música já parou de tocar há algumas horas e o único som que ouço, é o da caneta ao escrever essas linhas mal escritas. Estou vivendo sentimentos e emoções desconhecidas até então, não saberia descrever como tudo começou, só sei que hoje vivo na mais pura dor e agonia, se pudesse voltar atrás e reparar todo o mal de um inicio errante, certamente já teria feito. Estou trancada dentro de um baú de velharias, onde nada muda e nada se transforma. A história se repete sempre, por vários e longos dias...
Olho-me no espelho e nada vejo se não o inicio de um corpo cadavérico com olhos tristes e sorrisos sem graça, uma verdadeira zumbi, sem vida! O sol já não me aquece, as cores já não me alegram, as flores já não me apaixonam e vejo um fim trágico e não muito distante.
Eu quero está sozinha literalmente e não mais sentir a solidão de uma companhia fictícia.



"Odeio quem me rouba a solidão sem me oferecer a verdadeira companhia" (Friedrich Nietzsche)

Quem sou? Mas até onde tu sabes de ser? Eu, nada sei de ser, além do pó e das cinzas que um dia serei. E que em outro tempo tornaram-me quem sou, quem fui... Sou a transitoriedade que o tempo me dá, sou um fio de instante perdido no meio do temporal da eternidade. Difícil dizer quem sou se há em mim vários personagens. Mas isso não quer dizer, que cada um não seja um pequeno pedaço de minha alma.
Sou o oposto dos meus sonhos, sou o oposto das metáforas, sou o oposto do ponto de partida e tão pouco sou a linha de chegada. Sou o oposto do oposto! Perdida e partida num verso reverso. Sou meus desejos não realizados.
Passei até o presente momento da minha vida, marcando encontros furtivos com a felicidade. Quando ela finalmente me assalta, percebo que não tenho nenhuma moeda para dá em troca. Por isso hoje, mendigo à sorte.

Sou a sobra do que fui, sou uma simples sombra, um simples suspiro! Sou tudo o que me resta da eterna falta que sobra em mim!

Às vezes venho por meio da escrita
Liberar o tudo o que sinto,
Mas sinto tanta coisa
Que perco-me entre as linhas.

Na companhia de um café,
Para esquentar-me nessa tarde fria,
Na companhia da escrita,
Para tentar sentir-me viva!

És ainda toda a força que me mantém viva,
O meu riso inocente,
A melhor e pior parte em mim existente.

Quando por fim da vida me despedir,
Guarda-te contigo uma doce lembrança,
Na morte, estará eu ainda te amando
E a velar noite e dia teu sublime sono.

Em uma noite de pura dor e agonia,

Em mais uma noite como todas as outras...

Rasgando minha pele, como quem rasga um papel

Definhando minha carne, como quem se despede da vida.

Essa estranha sensação de não ter mais vida.

De esta sendo sugada a cada minuto,

Estou vivendo dias negros,

Sem luz, sem cor... Sem vida!

Oh vida, o que estais fazendo comigo?

Vida, maldita ironia!

Carrega-me logo de uma vez,

Pra onde queres me levar...

(Hoje, só por hoje, desisto de caminhar!)