Na infância, o grito era chama acesa,
"Formiga contra elefante",
Destemida, fui pimentinha em brasa,
Desafiando a vida, mesmo na ameaça.
Na adolescência, o sono virou espera,
Três horas por noite, a mente sincera.
Livros, poesias, vozes em segredo,
Rabiscavam minha dor e meu medo.
As cicatrizes, marcas do que calei,
Em silêncio, nos cortes me expliquei.
Na pele, desenhei o que ninguém via,
Buscando alívio na dor que ardia.
Psiquiatras, diagnósticos e medos,
Entre surtos e remédios, meus enredos.
Tentei voar, mesmo sem ter chão,
Mas a queda me trouxe mais compreensão.
Fui "maluca beleza", como Raul cantou,
E em meio à loucura, a coragem brotou.
Entre delírios e noites em claro,
Minha alma pedia um rumo mais claro.
A gravidez foi luz, mas também tormenta,
Chorava baixinho, com alma sedenta.
Nicolle, meu sol, meu recomeçar,
A razão que me fez continuar.
Hoje entendo quem sou, meu papel,
intensa, céu, inferno e fel.
O TAB não me define, é só parte de mim,
Sou poema inacabado, flor no capim.
Não sou laudo, nem rótulo, nem sentença,
Sou mulher, sou mãe, sou resistência.
Na gangorra da mente, sigo a bailar,
Mas agora com sabedoria pra me equilibrar.
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